Esta receita diz á respeito de como experimentar o belo.
Você precisará de apenas 5 minutos por dia para pô-la em prática.
No mundo atual de tantas tecnologias avançadas, telecomunicações via satélites, tantas experiências virtuais e artificiais, que nos tomam grande parte do nosso tempo; acabamos nos distanciando das puras experiências dos nossos sentidos, que nem sequer percebemos essa carência.
A privação sensorial e o apuro da percepção são objeto de vastos estudos por parte de cientistas, psicólogos e artistas. Existe uma íntima correlação, conquanto misteriosa, entre nosso modo de ser e nossa percepção. Cursos, experiências de laboratório, drogas, abstinências, antigas práticas religiosas, etc, todos estes contatos estão sendo empregados para o estudo das nossas respostas perceptuais ao mundo exterior, e ás maneiras pelas quais o nosso organismo, como um todo, reage a tais respostas. Volumes de livros tem sido escritos sobre esta fascinante pesquisa. Mas não estamos aqui para teorizar, e sim para agir.
Esta experiência não envolve nenhum requisito, basta apenas que dedique apenas 5 minutos de atenção por dia às suas percepções, tais como elas são.
Não pense, não descreva, não compare, não julgue, não avalie.
Largue os conceitos e pré-conceitos, deixe-os para trás, e entre no mundo da pura sensação.
Escolha qualquer espécie de coisa naturalmente bela que preferir: uma flor, uma árvore, uma fruta, um animal, uma concha ou uma pedra. Escolha algo fora de você, e não algo possa existir no seu âmago, em sua memória ou imaginação. Opte pela recepção de 5 minutos de beleza através de qualquer dos seus sentidos.
Detenha sua atenção apenas em um sentido por vez: apenas a visão, apenas a audição, apenas o olfato, apenas o tato, apenas o paladar. Caso mais de uma sensação vier ao seu encontro, não procure deliberadamente retê-la fora de sua percepção, basta que não lhe dê atenção; simplesmente fixe sua atenção no sentido que escolheu.
- Dê atenção apenas a sua percepção.
- Cancele de sua mente todos os pensamentos; não pense em nada;
- Não nomeie, não descreva, nem classifique nada;
- Não compare, não julgue, não faça referência a outras coisas belas no passado ou no futuro;
- Não tente traduzir o que sentir em palavras. Largue-as, perca-as. Deixe-as para trás, e entre no mundo de pura sensação.
- Escolha algo belo, fora de você, uma beleza natural.
- Simplesmente receba a beleza, tal como ela é.
- Detenha a sua atenção em apenas um dos sentidos.
- Apenas na visão
- Apenas na audição
- Apenas o olfato
- Apenas no tato
- Apenas no paladar
Apenas na visão:
- Observe o belo filhote de um animalzinho.
- Não pense como ele virá a ser e a portar-se quando for grande, adulto.
- Olhe para ele conforme é agora.
- Olhe-o bastante, tão completamente que não haja tempo nem espaço na sua mente pra mais nada, exceto esse filhote, este momento.
Apenas na audição:
- Ouça a chuva. Ouça-a apenas.
- Ouça o vento. Ouça-o apenas.
- Ouça o mar. Ouça-o apenas.
Apenas no olfato:
- Respire a fragrância de uma flor.
- Aspire-a, sem pensar que é a mais cheirosa, ou a mais doce, ou a melhor.
- Não a descreva, não a compare, não a avalie.
- Apenas absorva-se na fragrância.
- Não tente traduzir o que sentir em palavras.
- Largue-as, perca-as. Deixe-as para trás, e entre no mundo de pura sensação.
Apenas no tato:
- Experimente sentir a beleza, através do tato, apenas do tato, faça-o.
- Não mova sua mão, deixe-a apenas em cima daquilo que você está tocando, e receba a percepção.
Apenas no paladar:
- Escolha o gosto de uma fruta.
- Crave os seus dentes na fruta.
- Sinta o seu gosto, sem pensar em nenhum outro pedaço que já tenha experimentado dessa fruta.
- Simplesmente sinta a fruta nesse momento. Sinta-a como se fosse a primeira vez que degusta aquela fruta.
- Caso mais de uma sensação vier ao seu encontro, não procure retê-la fora de sua percepção, apenas não lhe dê atenção.
- Procure uma posição cômoda. Mova-se o menos possível. Permaneça quieto.
Quando puder executar direito esta receita, mesmo que seja apenas por alguns minutos, esteja certo de que experimentará uma grande sensação de apaziguamento invadir o seu eu cotidiano e individual.
Esta receita tem três mil anos de idade.
Foi dada por Shiva à deusa Parvati.
Shiva disse:
“O Radiosa, olha como se fosse pela primeira vez para uma pessoa bela ou para um objeto ordinário”.
Como se fosse a primeira vez: Isto é o essencial.
Fonte: Livro: Seja Invunerável - Laura Archera Huxley - ed. Ibrasa